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Tande passa vergonha em Resende tentando colocar gratuidade do pedágio na conta de Diogo

Resende comemora em julho 16 anos sem pagar pedágio na via Dutra, em Itatiaia, já que o local separa o distrito de Engenheiro Passos ao restante de Resende. Essa conquista, além de uma ação judicial iniciada por uma federação de associação de moradores, possui no seio de sua história uma tarde de nervos à flor da pele em pleno inverno de 2009, precisamente no dia 19 de julho.

Naquela ocasião, um grupo de cerca de 500 pessoas parou literalmente o trânsito na rodovia para reivindicar o direito de ir e vir dos moradores de Resende, sem precisarem pagar por isso. Entre os que protestavam estavam diversas lideranças políticas, como então deputado estadual Noel de Carvalho (hoje vereador de Resende), e os ex-vereadores Célio Caloca e Alcides de Carli, então presidente da Câmara de Resende.

Do lado oposto, agentes da Polícia Rodoviária Federal tentavam repelir os manifestantes com bombas de pimenta. Artefatos que, naquele momento, passaram longe de figuras como o médico Diogo Balieiro e o morador de Resende e hoje prefeito Tande Vieira, alheios à luta pela gratuidade naquela ocasião.

Esta semana, quase 16 anos após as rajadas enfrentadas por Noel e os outros manifestantes, Tande usou as redes sociais para tentar enganar a população e jogar na conta de Diogo os méritos da conquista, em cima de uma decisão de desembargadores federais pela manutenção do direito dos moradores de Resende.

Ao que tudo indica, o prefeito de Resende perdeu uma bela oportunidade de ficar calado, já que o vídeo postado pelo alcaide nas redes sociais fez ele virar chacota na cidade do sul fluminense.

Até 3,89 milhões em aluguel de software

Melhor seria se Tande desse explicações plausíveis para o o pregão eletrônico 147/2025, marcado para acontecer sexta-feira, dia 13, que prevê até R$ 3.895.500,00 por 12 meses ao bolso dos contribuintes de Resende por um contrato de aluguel de software de gestão de saúde.

Para conferir o edital na íntegra, clique aqui.

A licitação já chegou ao conhecimento dos Ministérios Públicos (federal e estadual), suas respectivas corregedorias, Ouvidoria do SUS, Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU), e outros órgãos de combate à corrupção.

“Venho por meio desta, mais uma vez, delatar o esquema de corrupção e desvio de verba do SUS em Resende, embora, infelizmente, uma reportagem do Jornal Aqui (de Volta Redonda) tenha veiculado que o Ministério Público em Resende tenha arquivado seis denúncias recentes. Por esse motivo, clamo mais uma vez por forças federais para desmantelar a corrupção na prefeitura de Resende, inclusive em processos licitatórios. Conforme ora demonstrado, a prefeitura de Resende quer usar verba do SUS (no valor que pode chegar a R$ 3,89 milhões) para alugar um software de gestão de saúde, possivelmente em um esquema de propina em que a empresa contratada retorna parte do dinheiro das mensalidades”, diz a denúncia.

A denúncia aponta ainda que algumas empresas são acostumadas a “vencer” as licitações de gestão informatizada da prefeitura. Entre elas a Custom e a Tera (Didática Digital).

A Custom reinou soberana em Resende no governo do ex-prefeito Diogo Balieiro com contratos milionários. Recentemente, a Câmara de Itatiaia também suspendeu o pregão eletrônico 04/2025, de mais de R$ 3 milhões em serviços de gestão informatizada, após denúncia de direcionamento à Custom.

Licitações fraudadas

Não é possível afirmar se a licitação do sistema de gestão de Resende possui fraude. Porém, é possível identificar aglutinação de diversos serviços e exigências específicas no edital, como se as exigências do certame fosse uma espécie de “fechadura” capaz de ser aberta somente por uma determinada empresa detentora de um software capaz de atender tais exigências.

Hospital do Câncer

No que tange a outras denúncias de fraude em licitações, novas denúncias chegaram esta semana ao MP e outros órgãos de combate à corrupção no caso envolvendo corrupção na obra do Hospital do Câncer de Resende, tocada pela construtora Fire Works.

Segundo as informações, entre os documentos falsificados pela Fire Works estão certidões federais como do INSS e da Receita Federal, com objetivo de encobrir as irregularidades da empresa e fraudar a vitória da Fire Works em diversos contratos milionários da empresa durante a gestão de Balieiro. A falsificação de documentos está tipificada nos artigos 297 e 298 do Código Penal e prevê pena de até seis anos de reclusão e multa.

“Caso averiguem os processos de pagamento da empresa Fire Works, detentora de diversos contratos milionários com a prefeitura nos últimos anos, poderão constatar que as certidões do INSS e da Receita Federal constantes nos processos de pagamento da referida empresa são falsos, tal qual nos processos licitatórios”, diz a denúncia.

No pacote de documentos repassados por empreiteiros, já encaminhados aos órgãos de combate à corrupção, estão dois prints de um diálogo atribuído a Marlucio Araújo e Marco Antônio Oliveira, que são representantes Fire Works. A empresa foi contratada em 2023 pelo governo de Diogo Balieiro por mais de R$ 15 milhões para reformar um antigo hospital do Bairro Jardim Jalisco com a promessa de transformar o local em um hospital do câncer, o que não se concretizou.

Na conversa, Marlucio cobra uma dívida de R$ 10 mil do dono da Fire Works, Ricardo Araújo, diz que possui um dossiê incluindo também a participação de Vanessa da Paz, outra representante da empresa, no esquema.

Marlucio continua rondando

Segundo os empreiteiros que forneceram os últimos documentos, Marlucio continua assediando funcionários do Departamento de Licitações da prefeitura de Resende na tentativa de forjar as licitações em favor de uma nova empresa. Para isso, uma ele conta com a ajuda de Fernanda Araújo, companheira dele. Fernanda também figura entre outros denunciados no esquema, ela seria laranja no escoamento de propina a políticos de Resende vinda de repasses da prefeitura Fire Works.

Segundo eles, Fernanda responde em liberdade a um processo por porte ilegal de arma com a agravante de numeração raspada, mediante a concessão de um Habeas Corpus, conforme uma ação que tramita no Fórum de Bangu (RJ). Porém, informações já levadas ao conhecimento do MPRJ indicam as contas bancárias supostamente usadas por ela para escoamento da propina do hospital do câncer e outras obras da Fire Works em Resende, através de Pix.

Sem verba do SUS

O ex-prefeito pode ter se aproveitado politicamente do apelo social, de familiares e pacientes que sofrem com a doença. Porém, ele nunca admitiu que a unidade hospitalar não poderia receber verba do SUS para funcionar. Em abril, no entanto, o atual prefeito de Resende, Tande Vieira, que era secretário de Saúde em 2021, reconheceu que a unidade hospitalar não conta com a verba federal para seu funcionamento.

Quatro anos de conversa e R$ 40 milhões

Em abril de 2023, Diogo e Tande, então deputado estadual, receberam o então secretário de saúde Dr. Luizinho e um cheque simbólico de mais de R$ 27 milhões para o Hospital do Câncer, entre outros. Naquela ocasião, a prefeitura de Resende já havia anunciado a construção de um centro cirúrgico de cinco salas no Hospital Municipal Henrique Sérgio Gregori ao preço de R$ 7 milhões. A obra, também a cargo da Fire Work, permanece inacabada após mais de um ano do prazo conrtatual.

Doleiro beneficiado com 4ª ponte

Uma ponte erguida pelo governo federal em Resende teria sofrido mudança em seu trajeto original para favorecer um doleiro da cidade do sul fluminense, segundo denúncias enviadas ao Ministério Público (Federal e Estadual), entre outros órgãos de combate à corrupção.

Segundo as denúncias, o doleiro seria primo de um ex-prefeito de Resende e, inclusive, teria se beneficiado diretamente pela passagem da estrada de acesso à ponte em suas terras, que foram parcialmente desapropridas.

O assunto é tratado à boca pequena nas rodas de conversa, já que o ex-prefeito tem fama de não gostar de ser contrariado, ameaçar e perseguir pessoas e tentar calar a boca da imprensa. Porém, nas redes sociais é possível ver que o assunto é de conhecimento de boa parte da população, que enxerga a mudança de traçado da ponte localizada entre o Bairro Fazenda da Barra e a Via Dutra como prejudicial à comunidade.

O desvio de rota da quarta ponte de Resende, por enquanto, é usada por políticos da cidade do sul fluminense que tentam atrair para si os méritos da construção, embora o projeto seja antigo. Já o doleiro também deve atrair dinheiro com a mudança de trajeto da estrada de acesso, por causa da valorização de suas terras. Uma das possibilidade aventadas pelos moradores é de que ele, que seria um agiota dono de uma loja agropecuária, lance um loteamento no local, depois da ajuda recebida do primo ex-prefeito.

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