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Desvio de dinheiro no hospital do câncer de Resende: nova denúncia ao MP pode desmascarar esquema de Diogo e Tande

Empreiteiros apontam nomes do primo do ex-prefeito e boutique ligada ao engenheiro responsável pela obra

As festas, hotéis, viagens internacionais e outras regalias supostamente incondizentes com seus rendimentos, Silvio Siqueira podem ser mais uma peça importante para o Ministério Público desarticular um esquema criminoso de desvio de dinheiro público do hospital do câncer de Resende e outras obras iniciadas na gestão do ex-prefeito Diogo Balieiro e que continuam no governo do atual prefeito, Tande Vieira. O nome do engenheiro responsável pela obra chegou recentemente ao conhecimento do MP através de mais uma denúncia.

O hospital do câncer foi iniciado há quase três anos em um prédio de um hospital particular desapropiado por R$ 5 milhões um ano antes no Bairro Jardim Jalisco. De lá pra cá, a obra tocada pel empresa Fire Works foi usada diversas vezes como objeto de propaganda política por Diogo e Tande, envolvendo R$ 40 milhões. Em abril desse ano, Tande admitiu publicamente que a unidade de saúde não conta com verba do SUS para funcionar.

Segundo a denúncia, as “responsabilidades” de Silvio vão muito além da reforma do prédio, que se encontra empacada. Isso porque o engenheiro também pode ter atuado no esquema de desvio de verba e pagamento de propina a partir de repasses da prefeitura, segundo outras denúncias encaminhadas ao MP. O “primo de Diogo”, diz a representação, chegou a ter as contas bancárias bloqueadas por movimentações atípicas identificadas pelo Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e é ligado a uma boutique, que também pode ter sido usada no esquema.

“….o referido Silvio já chegou a ter bens bloqueados após o Coaf identificar movimentações atípicas de dinheiro em suas contas bancárias, certamente pelo escoamento dessa obra que já drenou mais de R$ 30.000.000 do SUS, lesando dessa forma os doentes de câncer, familiares, bem como toda sociedade de Resende. Importante o MP também investigar as finanças da boutique Alésia Dias, que foi usada para os mesmos fins escusos segundo os empreiteiros. Por sinal, esse casal ostenta vida de luxo que incluem diversas viagens para o exterior, às custas daqueles que mais sofrem”, diz a denúncia.

Marlucio, Ricardo e Fernanda Araújo

Um processo em curso no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), além de denúncias levadas ao Ministério Público, detalham a atuação de Marlucio Ramos Araújo e outros agentes, públicos e privados, para fraudar licitações da prefeitura de Resende durante o governo do ex-prefeito Diogo Balieiro, em favor da empresa Fire Works, e drenar os recursos públicos através de obras superfaturadas e, inclusive, com pagamento de propina.

Marlucio é esposo de Fernanda Araújo, que seria a intermediadora dos repasses das propinas, segundo outra denúncia feita ao MP, que aponta duas contas bancárias supostamente usadas por ela para recebimentos de dinheiro vindo da Fire Works a partir de pagamentos da prefeitura de Resende, e transferências a pessoas supostamente ligadas a Diogo e Tande.

Marlucio (de camisa listrada na foto) aparece ao lado do engenheiro Ricardo Araújo, dono da Fire Works, em uma postagem de Diogo em que também aparecem o governador Cláudio Castro, o ex-secretário estadual de Saúde e atual deputado federal Dr. Luizinho e o atual secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca, durante uma visita à obra. Isso porque Marlucio foi nomeado procurador da Fire Works em setembro de 2022, ao lado de Marco Antônio Dias e Vanessa da Paz.

Creche do Jardim Aliança II

Os documentos apontam que Marlucio intermediou paramentos de propina a engenheiro fiscal da Secretaria Municipal de Educação, engenheiro Rafael Cavalotti. Nesse caso envolvendo outra obra tocada pela Fire Works, uma creche no Bairro Jardim Aliança II.

“Marlucio agiu em conluio com o dono da Fire Works, Ricardo Araújo e Vanessa da VS Soluções. Ambos aparecem em um processo (em anexo) e tinham totais poderes para representar a empresa (em anexo). Marlúcio se apresentava em Resende como sócio da Fire, em conluio com um engenheiro de nome Gabriel, falsificou os CRF (Certificado de Regularidade Fiscal), da Receita Federal, para receberem as faturas das obras. Esses CRF constam dentro dos processos administrativos de pagamentos da PMR a Fire.”, diz a denúncia.

Marlucio e Ricardo Araújo aparecem Em um processo de execução de título judicial que teria o objetivo de pagamentos percentuais de aditivos contratuais que foram liberados por Rafael Cavalotti, referentes à creche do Bairro Jardim Aliança II. Tais aditivos, conforme denunciado pelo empreiteiro no processo, foram pagos e não executados.

Contratada a um valor inicial de mais de R$ 2,2 milhões, a obra da creche do Jardim Aliança II faz parte de mais de 10 licitações vendidas pela Fire Works mediante fraude nas concorrências. Já a procuradora da Fire Works Vanessa da Paz, curiosamente, é titular de uma concorrente da terceirizada das obras da prefeitura de Resende, a VS Soluções Integradas, que tem sede em Bangu, no Rio.

Firula em Brasília sem verba do SUS

Recentemente, o ex-prefeito de Resende esteve em Brasília e tentou usar a viagem para se cacifar em cima de verbas federais à cidade. No entanto, Diogo ainda não se pronunciou sobre as declarações recente de Tande de que o Hospital do Câncer de Resende não conta com verba federal para funcionar, após quatro anos de enrolação e R$ 40 milhões.

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