
Os moradores de Resende usaram as redes sociais esta semana para tentarem chamar a atenção da prefeitura para falta de vagas em creche, problema que até o momento não encontrou resposta do novo prefeito, Tande Vieira.
A administração da cidade do sul fluminense também não forneceu dados recentes sobre a demanda por vagas, mas, moradores afirmam que estão há meses na fila de espera enquanto outros dizem que também estão aguardando há bastante tempo para serem chamado pela prefeitura, depois de terem passado no último concurso.

Alguns depoimentos falam e meses na fila de espera, já uma internauta disse que a filha passou em um concurso há cinco anos e não foi chamada, assim como outros candidatos supostamente aprovados.

A falta de vagas em creche é apenas um dos diversos problemas crônicos que se acumularam nos últimos anos em Resende, que fechou 2024 com um endividamento de cerca de R$ 320 milhões, de acordo com os últimos dados da prefeitura. O rombo financeiro se deve a diversos empréstimos bancários celebrados pelo ex-prefeito Diogo Balieiro, que calcou a gestão dele na distribuição de favores na área da saúde.
A política populista ajudou o político, que é cercado nas ruas pelas pessoas e já estaria de olho na eleição legislativa de 2026. Em geral, as pessoas que cortejam o políticos sãos as mesmas atendidas por esses favores, custeados com o dinheiro público.

Porém, abraços e afagos de Balieiro à parte, os números revelam que o ex-prefeito de Resende entregou uma cidade em frangalhos: desestruturada, sem políticas de desenvolvimento humano e profissional das pessoas, sem geração de emprego e renda, acolhimento de crianças e jovens ou abertura de novas vagas em creche. Negligência que pode ter ajudado na proliferação de bolsões de pobreza e na escalada da violência nos últimos anos, já que, enquanto o poder público local “dorme”, o crime organizado assedia crianças e jovens.
Violenta e pobre

Segundo dados de 2023 do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP), o índice de letalidade violenta em Resende aumentou 58,8% entre maio de 2022 e maio daquele ano. Roubos de rua tiveram aumento de 33,3%; homicídios dolosos, de 41,1%; roubos a transeuntes registraram alta de 42,8%; e de tentativas de homicídio subiram 95,2%.
O aumento da violência em Resende também pode ser enxergado pelo abandono do desenvolvimento da população. E dinheiro para investir nas pessoas não faltou, já que Diogo celebrou diversos empréstimos milionários junto a bancos, vindo a abrir o maior rombo financeiro da história do município, cerca de R$ 320 milhões segundo os balanços contábeis divulgados pela prefeitura no final de 2024.
Enquanto isso, dados oficiais da Receita Federal divulgados pelo Data MPE Brasil comprovam que a abertura de microempresas individuais (MEI), microempresas e empresas de médio e grande porte despencaram em Resende, de acordo com o gráfico. Das novas empresas ativas em 2024, 2.58% correspondem a Empresa de Pequeno Porte (EPP) (14 estabelecimentos), 10.7% correspondem a Microempresa (ME) (58 estabelecimentos), 83.4% correspondem a Micro Empresário Individual (MEI) (452 estabelecimentos), e 3.32% correspondem a Outros (18 estabelecimentos).

Contratos
Tão empobrecida quanto a população que se tornou refém das migalhas de Diogo, a cidade ficou pobre e endividada nos últimos anos, já que o prefeito celebrou diversos empréstimos bancários, contando com a aprovação da maioria dos vereadores da Câmara. Enquanto isso, os contratos milionários celebrados por ele também ajudam a explicar os possíveis motivos da falência do município. Um exemplo recente aconteceu no apagar das luzes de 2024, quando Diogo do Kaio fechou um contrato de R$ 5,6 milhões em combustíveis, quantidade suficiente para dar 255 voltas ao redor da Terra.

Para se ter uma ideia do quanto os contratos celebrado pelo governo de Diogo podem ter ajudado a afundar as contas de Resende, três obras em andamento ou recém-concluídas, a ampliação do Calçadão de Campos Elíseos, o Hospital do Câncer e a construção de uma calçada na Beira-Rio, envolvem R$ 53,3 milhões ao bolso dos contribuintes, com a possibilidade de estourarem esse valor. No entanto, obras semelhantes executadas por outras prefeituras, com até mais envergadura, somadas, totalizam R$ 24,1 milhões, quase R$ 30 milhões a menos que os contratos celebrados pelo governo de Diogo Balieiro, agora com o silêncio de Tande Vieira.
O Hospital do Câncer envolve recursos de cerca de R$ 42 milhões e outros R$ 4 milhões na desapropriação do prédio que sediava um hospital particular até 2021. Esse total é o dobro dos R$ 23 milhões previstos para a construção anexo dois do anexo dois da cidade de Novo Hamburgo (RS), um prédio de cinco andares e 5,1 mil metros quadrados de área construída. Essa “gordura de R$ 23 milhões” se dilata quando somada às outras duas obras. Contratado por quase R$ 4 milhões, o trecho de cerca de 500 metros de uma calçada da Beira-Rio, na proximidade do Bairro Nova Liberdade, é quase R$ 3,7 milhões superior aos R$ 318,8 mil que a prefeitura paraense de Juruti pagou por uma obra semelhante, incluindo serviços de infraestrutura antes da pavimentação, ou seja, 1.150% abaixo do que o valor desembolsado com os recursos do povo de Resende.
No caso do contrato 125/2024, celebrado com a empresa Valle Sul ao valor de R$ 3.385.652 para serviços de urbanização e prolongamento do calçadão do Bairro Campos Elíseos, os serviços contratados, que incluem a drenagem e pavimentação de um trecho de cerca de 200 metros, é quase o mesmo desembolsado pela prefeitura Colombo (PR). No caso da prefeitura paranaense, foram cerca de R$ 3,7 milhões em drenagem e pavimentação de três ruas, em um total de mais de 1.700 metros de extensão, que representam 8,5 vezes mais que o trecho da rua Nicolau Rizzo, em Resende, onde foram realizados serviços semelhantes.
A título de comparação, a prefeitura de Rio Negrinho (SC) celebrou em 2020 um contrato para a pavimentação com blocos de concreto na Rua Travessa Theodoro Junctum, Centro, por pouco mais de R$ 64 mil. Portanto, somando-se os R$ 745,4 mil da drenagem e pavimentação do trecho de 283 metros entre as ruas General Carneiro e Londrina, e Colombo (RS), com a calçada de blocos de concreto da rua do Centro de Rio Negrinho (SC), chega-se a preço total de pouco mais de R$ 800 mil, valor 77% inferior aos mais de R$ 3,3 milhões desembolsados em Resende por uma obra considerada de pequeno porte.
*Este espaço está aberto para manifestação de todos os citados.