
O prefeito de Resende, Tande Vieira, enviou recentemente um projeto de reforma administrativa para Câmara Municipal que prevê o custeio mensal de R$ 913,37 mil mensais ao bolso dos contribuintes em pagamentos de cargos comissionados (CCs) e funções gratificadas.
Caso a proposta seja aprovada pelos vereadores, o custo anual pode chegar em torno de R$ 11 milhões, fora as despesas com férias e 13º sobre os vencimentos. De acordo com a proposta, os salários podem chegar a 15.739 mensais.

Com essa bagatela de R$ 11 milhões, Tande poderia, por exemplo, contratar dezenas de profissionais aprovados nos últimos concursos e suprir a necessidade em diversas frentes. Uma delas é a de cuidadores e auxiliares de creche.
Na semana passada, a mãe de um aluno autista da escola Bernarda Brandão usou as redes sociais para chamar a atenção de Diogo e Tande, já que o menino, ao chegar à escola, não teve o serviço, executado no ano passado por uma cuidadora de nome Mônica, segundo ela.

A administração da cidade do sul fluminense também não forneceu dados recentes sobre a demanda por vagas, mas, moradores afirmam que estão há meses na fila de espera enquanto outros dizem que também estão aguardando há bastante tempo para serem chamado pela prefeitura, depois de terem passado no último concurso.

Alguns depoimentos falam e meses na fila de espera, já uma internauta disse que a filha passou em um concurso há cinco anos e não foi chamada, assim como outros candidatos supostamente aprovados.
Pagamento de dívida equivale a 1.800 vagas em creche

A prefeitura de Resende arcou com mais de R$ 34,6 milhões em pagamentos de dívidas no quatro quadrimestre de 2024, produto de diversos empréstimos bancários celebrados pelo ex-prefeito Diogo Balieiro, aliado de Tande, cuja gestão foi responsável pelo maior rombo financeiro da história da cidade do sul fluminense.
Os números foram divulgados em balanços da própria prefeitura, que reportaram R$ 322,9 milhões e R$ 288,3 milhões, referentes ao terceiro e quatro quadrimestre de 2024, respectivamente.

Os dados citados podem ser acessados nos boletins oficiais 071/2024 e 10/2025.
Para se ter uma ideia do peso desse endividamento na vida dos moradores, esses R$ 34,6 milhões que foram parar nos cofres de bancos seriam suficientes para erguer 31 creches com seis salas ou 60 vagas cada uma, possibilitando a abertura de 1.800 vagas na rede municipal.
A falta de vagas em creche é uma necessidade, já que muitas mulheres são responsáveis pelo sustento da família ou parte importante do orçamento familiar. Uma necessidade que Balieiro não foi capaz de resolver e que pode continuar sem solução durante a gestão do prefeito atual, Tande Vieira, que parece determinado em despejar R$ 11 milhões para bancar os cargos comissionados.
Assédio do Tráfico

Muitas crianças, cujas mães precisam trabalhar sem terem com quem deixar seus pequeninos, ficam vulneráveis ao assédio de organizações criminosas. Ao mesmo tempo, a falta de políticas desenvolvimentistas, de geração de emprego e renda, de qualifiicação profissional e de acolhimento social em Resende nos últimos anos também deixou milhares de crianças e jovens ao léu.
Coincidência ou não, a violência e a proliferação de bolsões de pobreza dispararam em Resende nos últimos anos. No início desse mês, um assalto mediante tentativa de sequestro relâmpago expôs mais uma vez a escalada da violência em Resende nos últimos anos.
Um homem de 41 um anos havia acabado de buscar o filho em uma escola no Centro da cidade. Ao abrir a porta traseira do carro para deixar o menino, ele foi surpreendido por um homem armado, que ordenou que pai e filho sentassem no banco traseiro.
O assaltante assumiu a direção e, mais à frente, um segundo assaltante embarcou no veículo. Alguns metros adiante, a vítima aproveitou um momento de distração dos meliantes e saltou do veículo em movimento junto com o filho, enquanto os assaltantes aceleraram. Ambos teriam sofrido pequenas escoriações na queda.
O episódio não é caso isolado em Resende. Recentemente, uma mensagem relacionada a uma suposta guerra entre as facções TCP e o Comando Vermelho viralizou nas redes sociais. A mensagem determina aos motoristas que acendam a iluminação interna de seus veículos e passem com vidros abertos ao entrarem nos bairros Liberdade e Nova Liberdade.
Segundo dados de 2023 do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP), o índice de letalidade violenta em Resende aumentou 58,8% entre maio de 2022 e maio daquele ano. Roubos de rua tiveram aumento de 33,3%; homicídios dolosos, de 41,1%; roubos a transeuntes registraram alta de 42,8%; e de tentativas de homicídio subiram 95,2%.
População abandonada
O aumento da violência em Resende também pode ser enxergado pelo abandono do desenvolvimento da população e do rombo financeiro causado por Balieiro. Enquanto isso, dados oficiais da Receita Federal divulgados pelo Data MPE Brasil comprovam que a abertura de microempresas individuais (MEI), microempresas e empresas de médio e grande porte despencaram em Resende, de acordo com o gráfico.
Das novas empresas ativas em 2024, 2.58% correspondem a Empresa de Pequeno Porte (EPP) (14 estabelecimentos), 10.7% correspondem a Microempresa (ME) (58 estabelecimentos), 83.4% correspondem a Micro Empresário Individual (MEI) (452 estabelecimentos), e 3.32% correspondem a Outros (18 estabelecimentos).

Populismo ou charlatanismo?
De olho na corrida eleitoral de 2026, Diogo já está nas ruas, na caça por votos, onde encontra uma população carente e fragilizada. Esse campo fértil ao político, considerado assistencialista e, para muitos, até um “charlatão, tem em suas raízes exatamente a falta de investimentos da gestão dele nos oito últimos anos, em setores como infraestrutura para novas empresas, programas de qualificação profissional e geração de emprego e renda, e programas sociais e de desenvolvimento humano.

Se por um lado a política assistencialista, calcada em mimos na área da saúde com o dinheiro público, ajudou a popularizar o ex-prefeito, por outro lado a população de Resende ficou pobre nos últimos anos, sem condição de andar com as próprias pernas. Em boa medida pela omissão do ex-prefeito, um abraço de urso que custou caro ao povo, assolado pelo desemprego e a violência, por causa da proliferação de bolsões de pobreza e omissão do poder público municipal, principalmente.
Contratos
Tão empobrecida quanto a população que se tornou refém das migalhas de Diogo, a cidade ficou pobre e endividada nos últimos anos, já que o prefeito celebrou diversos empréstimos bancários, contando com a aprovação da maioria dos vereadores da Câmara. Enquanto isso, os contratos milionários celebrados por ele também ajudam a explicar os possíveis motivos da falência do município. Um exemplo recente aconteceu no apagar das luzes de 2024, quando Diogo Balieiro fechou um contrato de R$ 5,6 milhões em combustíveis, quantidade suficiente para dar 255 voltas ao redor da Terra.

Para se ter uma ideia do quanto os contratos celebrado pelo governo de Diogo podem ter ajudado a afundar as contas de Resende, três obras em andamento ou recém-concluídas, a ampliação do Calçadão de Campos Elíseos, o Hospital do Câncer e a construção de uma calçada na Beira-Rio, envolvem R$ 53,3 milhões ao bolso dos contribuintes, com a possibilidade de estourarem esse valor. No entanto, obras semelhantes executadas por outras prefeituras, com até mais envergadura, somadas, totalizam R$ 24,1 milhões, quase R$ 30 milhões a menos que os contratos celebrados pelo governo de Diogo Balieiro, agora com o silêncio de Tande Vieira.
O Hospital do Câncer envolve recursos de cerca de R$ 42 milhões e outros R$ 4 milhões na desapropriação do prédio que sediava um hospital particular até 2021. Esse total é o dobro dos R$ 23 milhões previstos para a construção anexo dois do anexo dois da cidade de Novo Hamburgo (RS), um prédio de cinco andares e 5,1 mil metros quadrados de área construída. Essa “gordura de R$ 23 milhões” se dilata quando somada às outras duas obras. Contratado por quase R$ 4 milhões, o trecho de cerca de 500 metros de uma calçada da Beira-Rio, na proximidade do Bairro Nova Liberdade, é quase R$ 3,7 milhões superior aos R$ 318,8 mil que a prefeitura paraense de Juruti pagou por uma obra semelhante, incluindo serviços de infraestrutura antes da pavimentação, ou seja, 1.150% abaixo do que o valor desembolsado com os recursos do povo de Resende.